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Os Celtas e o Valor da Amizade: Anam Cara

setembro 18, 2009 Deixe um comentário

Uma Oração da Amizade

Que sejas abençoado com bons amigos.
Que aprendas a ser um bom amigo para ti mesmo.
Que sejas capaz de viajar àquele lugar na tua alma onde existe o grande amor, calidez, sentimento e perdão.
Que isso te modifique.
Que isso transfigure o que é negativo, distante ou frio em ti.
Que sejas apresentado à verdadeira paixão, parentesco e afinidade da vinculação.
Que prezes os teus amigos.
Que sejas bom para eles e que estejas lá para eles; que eles te tragam todas as bênçãos, desafios, verdade e luz de que necessitas para a tua viagem.
Que nunca fiques isolado.
Que sempre fiques no sereno refúgio da vinculação com o teu anam cara.

(John O’Donohue, Anam Cara, um livro de Sabedoria celta, Ed. Rocco)

Muitos provérbios e ensinamentos de grandes sábios afirmam que o sentimento mais precioso e natural entre duas pessoas é a amizade.
Se você tem intenção de trazer a magia celta à sua vida, comece a dar valor para as suas amizades e para as pessoas com quem você convive.     Aprenda a ser amigo de si mesmo abrindo espaço em sua alma para relacionar-se com outras pessoas, com outras almas.
É através de um amigo que percebemos algumas coisas, que de forma solitária seria impossível perceber. Um amigo verdadeiro, não induz, não cobra. Um amigo de verdade quer apenas o seu bem. Com um amigo temos intimidade, confiança e vínculo. Ele desperta a nossa própria vida, libertando muitas vezes o poder da paixão criadora que há dentro de nós.
Os celtas tinham uma grande sensibilidade, um sentido muito apurado sobre o divino. Desenvolveram um conceito de amizade que envolvia a natureza, a divindade, as forças ocultas e o universo humano num mesmo plano, numa coisa só.
Não separavam o humano do divino, a magia da realidade, o visível do invisível. A expressão gaélica Anam Cara, Amigo da Alma, expressa amizade , entendimento, amor. Anam em gaélico, significa alma e cara, amigo.
Um professor, um parceiro, um companheiro era considerado Anam Cara, uma amizade que ultrapassava qualquer fronteira, qualquer plano. De início era um termo usado para alguém a quem se confessava intimidades, porque com o Anam Cara podia-se partilhar a própria alma.
O ato da confissão sempre foi muito importante e pessoal. No cristianismo da Irlanda, os irlandeses não confessavam seus “pecados” ao padre local, pois acreditavam que ele poderia manipular as pessoas por saber deles. As pessoas escolhiam o seu “sacerdote”, o Anam Cara, que era considerado um amigo em espírito, alguém em quem poderia se confiar.
Acredita-se que, antes mesmo da Igreja instituir a prática da confissão, já era um hábito celta confessar-se com seu amigo da alma, amigo espiritual, o Anam Cara. Este gesto sempre foi característico entre amigos verdadeiros. Os amigos verdadeiros trocam confissões e delas surgem palavras, aconchego e impulso importantes para a vida.
Dentro da sabedoria celta a alma não era limitada por tempo ou espaço. Era uma luz divina que flui de um ser humano para outro de forma natural. Este conceito deu aos celtas a idéia de companheirismo, solidariedade, amizade profunda e especial. Quando se tinha um Anam Cara, a amizade atravessava fronteiras, convenções e o próprio tempo. Estava-se unido de uma forma eterna com o amigo da própria alma, onde se firmava um elo com o divino.
No gaélico o corriqueiro “olá”, “oi” ou “Como vai?” que usamos como saudação em encontros, é substituído por palavras que incluem o divino, como se fossem saudações que abençoam a aproximação entre as pessoas: Dia Dhuit, “Deus esteja contigo”. Nas despedidas diziam Go gcoinne Dia thú, “Que Deus te guarde”.
Todo encontro entre pessoas era considerado especial e espiritual, porque um estranho não aparece na nossa vida à toa, ou casualmente. Ele sempre traz uma mensagem, uma lição, uma iluminação à nossa vida. Um estranho pode ser uma semente que germinará dando frutos, o despertar da vida e a consciência de si próprio.

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Os Celtas

fevereiro 14, 2009 Deixe um comentário

Bem antes de 1200 a.C, na Idade do Bronze, vários povos indo-europeus começaram um tipo de expedição pela Europa Ocidental. Suas culturas eram possivelmente originadas da cultura de grupos étnicos que viviam próximo ao Rio Danúbio, que nasce numa região da Alemanha e percorre toda a Europa.

A individualização destes povos veio a acontecer justamente em meados de 1300 a.C. Os chamados “Celtas”, pelos romanos, partiram para todos os cantos do território europeu. Essa aparição teve o inicio de seu ápice na região ocidental na Idade do Ferro, influenciados pela Cultura Hallstatt (nome provindo de túmulos austríacos da época) onde armas de ferro começaram a ser produzidas e os soldados já dominavam bem o manejo do bronze. Fontes alegam que os celtas foram os primeiros povos europeus a usar e trabalhar com ferro. No século VI a.C. a chegada da Cultura La Tène, chamada também de cultura Lateniana, marcou o ápice dos celtas. Foi neste período de 450 a.C. até o século I a.C. que as tribos viveram a sua chamada “Fase de Ouro”. Tanto na sua expansão, arte, produção bélica como principalmente no aspecto religioso e mitológico.

Justamente neste momento de grandes conquistas e expansões, de grandes evoluções em seu convívio que os celtas montaram sua fraqueza principal. A falta de um governo central entre as tribos, para elas já única e individualmente completas em seus territórios, os tornou mira do Império Romano que naquele momento estava querendo glória, conquistas e territórios. De certa foi um motivo religioso que causou esta falta de unificação política. Como prezavam a igualdade entre todos diante de seus deuses, os celtas não elegeram um imperador central. E assim viveram em suas tribos distintas politicamente desde a Espanha até a Ásia Menor e mais tarde foram arrebatados pelo Império Romano, que invadiu primeiramente a Gália e mais tarde todos os outros territórios ocupados pelas tribos. Mas também foi a semelhança religiosa que amenizou as disputas entre os celtas e os romanos, enquanto Roma se instalava nas terras celtiberas. Pois ambos encontraram algo em comum entre as ricas mitologias, entre seus deuses da guerra, do amor, dentre outros. Os romanos ainda maravilharam-se e assustaram com a sabedoria e união dos celtas com a natureza e a forma de batalha amedrontadora de seus guerreiros e dessa surpresa surgiram os únicos documentos sobre este povo misterioso.

Outros aspectos da cultura celta propriamente dita, que não seja a sua história, ao mesmo tempo em que nos faz revelações estonteantes sobre o modo de vida desta civilização, nos deixam mistérios mais perturbantes e conseqüentemente mais ávidos a cada descoberta arqueológica ou mesmo o reaparecimento da religião e celebrações deste povo.

Como por exemplo, a presença de uma língua própria do povo que tinha ramificações em determinadas regiões e uma forma de escrita sagrada até hoje não compreendida que servia unicamente para cultos religiosos e para a adivinhação, fez dos celtas mais do que apenas um povo, fez deles uma nação com uma saga cheia de magia, mistérios e batalhas cruciais para a história mundial.

A Religião Druidica e seus sacerdotes foram mais únicos ainda e de maior importância para os celtas. Eram esses dois pontos que regiam cada passo dos celtas. A religião que estava em cada passo de cada tribo e os sacerdotes que exerciam os papéis mais privilegiados, divinos e respeitados entre os celtas. A religiosidade deu aos celtas a união necessária quando estes estavam na sua Fase de Ouro, se expandindo e deu a ele seus únicos defeitos. Deu também os mitos mais ricos e mais reais conhecidos na humanidade. A crença do povo nos mitos e contos originados da religião, ou com fundamentos religiosos é até hoje admirada e seguida por muitos. Foi por meio desta rica religião e mitologia, que não foram documentadas, apenas passadas oralmente dos sábios druidas para o povo, que os celtas se tornaram únicos aos olhos romanos. Mas com o surgimento do cristianismo estas duas grandes potências para os celtas foram desaparecendo aos poucos e mais tarde os cristãos trataram de fazer dos celtas e sua cultura desaparecidos, mas nunca esquecidos.

Foi por meio de mitos como uma espada cravada numa pedra e um rei elegido por ela, navios voadores, tribos divinas, domínio de ervas e sagrada ligação com a magia natural que os celtas ganharam a fama que ultrapassou os séculos. Foi pela forma bárbara e indiferente de guerrilha que os celtas deixaram uma marca para sempre na história mundial. Por mais que, muito do que se sabe sobre os celtas venha de documentos romanos, das poesias e das musicas folclóricas celtas, como também de alguns registros encontrados no artesanato e na arquitetura.

A falta de documentações e registros históricos para historiadores é como um problema e desafio que fazem por vezes os celtas serem “esquecidos”. Mas os adoradores e seguidores atuais dessa cultura, mitologia ou história, sabem que é este mistério, a incerteza, a dúvida pertinente e os surpreendentes relatos que faz o povo celta ser mais cativante, mais marcante, mais mágico, mais puro e divino.

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